Sinopse
O livro "Maria Muniz: a Sherazade do rádio", uma edição coordenada por Ricardo Cravo Albin, visa registrar a trajetória de Maria Muniz – hoje com 100 anos completos! – no rádio, veículo que a consagrou. A obra relaciona sua carreira com as conquistas femininas de meados do século XX, marca a importância de suas idéias para o enriquecimento da pesquisa sobre comportamento feminino no Brasil desde o começo do século e fala de sua postura visionária e corajosa na vida pessoal. Enfim, o livro, que será lançado no próximo dia 25 de abril, às 19:00h na Livraria Folha Seca, pretende acrescentar aos estudos acerca do rádio a contribuição desta riquíssima personagem, que merece ver em vida sua extensa produção reconhecida.
A voz firme, a narrativa envolvente e a criatividade de Maria Muniz foram utilizadas durante mais de 20 anos na criação, produção e apresentação de programas radiofônicos. Autora de cerca de 40 programas, Maria foi pioneira em produtos voltados exclusivamente para o público feminino. Descobridora de talentos como Heloísa Mafalda, Zezé Macedo e Telmo de Avelar, entre outros, Maria participou da implantação da TV Tupi carioca e criou o primeiro jornal feminino da televisão, abrindo caminho para um estilo que é explorado até hoje. Teve entre seus amigos nomes paradigmáticos na cultura brasileira e carioca, como Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade. Em seus programas contou com os talentos de Fernanda Montenegro e Sergio Britto, entre muitos outros artistas ainda atuantes.
São raros os registros da passagem de Maria Muniz pelo rádio ou pela televisão. Tal fato deve-se em parte à sua saída de cena em 1973, quando se aposentou. Naquele tempo, o rádio ainda não havia sido pesquisado com o interesse que recebeu mais tarde – sua importância para as comunicações no Brasil foi mais valorizada a partir do final da década de 1970. Em parte, essa lacuna se deve também à precariedade dos mecanismos de arquivo e resgate da memória do rádio e da televisão no Brasil, lacuna que pretendemos corrigir com a edição da biografia de Maria Muniz, uma iniciativa do Instituto Cravo Albin e do Andrea Jakobsson Estúdio.
Segundo Maria, “A Sherazade do Rádio” foi o apelido que lhe deu Manoel Bandeira, ou à sua máquina de escrever, por Nelson Rodrigues. Ao completar 100 anos, a memória de Maria Muniz pode falhar, mas sua imaginação, jamais. Ela tem histórias dignas de encantar o Sultão Shariar por mil e uma noites.