Este livro aborda um tema muito original, apresentando, em um amplo arco temporal compreendido entre a antiguidade grega e o século XXI, seis ensaios que discutem concepções científicas ou estéticas que nos são ao mesmo tempo estranhas e familiares. Estranhas porque não correspondem aos saberes atuais considerados legítimos, familiares porque persistem de forma subterrânea em nossas culturas e crenças.

A obra desvenda algumas conexões entre cosmologias e concepções científicas, aborda estudos que buscam conectar o corpo humano ao ambiente à sua volta e ao cosmos, traça uma história da identidade científica dos fósseis como “objetos fronteiriços”, apresenta métodos de classificação, com ênfase nas tentativas de construção de categorias menos arbitrárias para o arranjo dos seres vivos, demonstra como a compreensão das formas enganadoras foi importante para a consolidação da teoria da seleção natural de Darwin-Wallace, entre outros temas.


O conjunto dos capítulos se insere no âmbito dos conhecimentos que se elaboraram particularmente na Europa e nos espaços atlânticos coloniais e pós-coloniais, cujas histórias se relacionam de algum modo com a exploração da natureza do Novo Mundo. No entanto, o universo epistemológico global e local que diz respeito aos atos de classificar, comparar, distinguir ou agregar é muito mais amplo. Este livro de modo nenhum pretende abarcar essa imensa diversidade. Estes ensaios convidam a refletir sobre aspectos científicos, filosóficos e estéticos que estão de alguma forma na origem de nossa cultura científica contemporânea. Traçar analogias, estabelecer comparações e distinções ou compreender processos evolutivos são atos que têm historicidade. Contamos aqui algumas histórias sobre as fronteiras e metamorfoses do conhecimento.