Rondon: inventários do Brasil, 1900-1930
Organização:
Magali Romero Sa, Lorelai Kury
Formato:
300 páginas, 28,7 x 30,8 cm
Autores:
Nísia Trindade de Lima, Dominichi Miranda de Sá, Magali Romero, Maria de Fátima Costa, Íris Kantor, Fernando de Tacca, Marta Amoroso, Paula Montero, Laurent Fedi e Lorelai Kury
Idioma:
Bilíngue
Edição:
2017
ISBN:
978-85-88742-86-4
Sinopse
Muito já se escreveu sobre Rondon e as expedições associadas ao seu nome. Porém, a variedade e extensão dos trabalhos empreendidos por civis e militares sob sua coordenação ainda não foram devidamente avaliadas pela historiografia. Este livro reúne escritos de especialistas que buscaram refletir sobre a produção de conhecimento realizada durante a Comissão e suas premissas.
O princípio de progresso permeava os ideais de técnicos e cientistas naquelas primeiras décadas do século XX. Seus olhares estavam voltados para o futuro, que se anunciava grandioso. As vastas regiões do Brasil pouco conhecidas pelos especialistas e habitadas por nações indígenas variadas foram consideradas por eles como riquezas materiais e simbólicas potenciais, a serem incorporadas à ordem republicana. Rondon conseguiu agregar grupos com aptidões técnicas e científicas que acompanharam a marcha rumo ao oeste e ao norte do país. Na esteira das linhas telegráficas e como correlatas da chamada pacificação dos índios, muitas atividades foram desenvolvidas. O mapeamento cartográfico do Brasil sofreu uma mudança qualitativa com os levantamentos e mapas traçados pelos técnicos militares das expedições. As descrições etnográficas e coletas em larga escala realizadas por eles são até hoje referência insubstituível para o conhecimento de muitos grupos indígenas, alguns dos quais desaparecidos atualmente. O pioneirismo e a qualidade dos filmes e fotografias executados pelas equipes de Rondon são testemunhos vibrantes da missionação laica efetuada. Também as coleções de história natural foram consideráveis e subsidiaram trabalhos científicos relevantes. Essas realizações de monta estiveram, no entanto, permeadas por tensões, conflitos, ambiguidades e situações complexas, que somente análises detalhadas podem revelar.
Com esse conjunto de trabalhos espera-se envolver o leitor no complexo universo da Comissão Rondon e dos técnicos e cientistas que a acompanharam. Intenciona-se também ao menos assinalar a presença e agência daqueles que deixaram poucos ou nenhum texto de próprio punho, como os anônimos construtores de pontes e postes telegráficos, como os caçadores de antas, como os abridores de estradas, como os índios mansos, camponeses do sertão, como os índios selvagens, imponentes em sua nudez. O incrível material iconográfico das expedições registrou sorrisos francos ou acanhados, olhares cismados ou confiantes, tarefas do corpo e da alma. As mais de 200 imagens do livro “Rondon: inventários do Brasil, 1900-1930”, muitas delas inéditas, têm força evocativa e documental: quando associadas aos textos, trazem uma estranha sensação de proximidade com o passado e um desejo de refazer os passos da Comissão Rondon, alertando aqueles homens e mulheres quanto aos rumos do futuro.
Lorelai Kury e Magali Romero Sá são pesquisadoras e professoras em História das Ciências da Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, no Rio de Janeiro. Lorelai Kury é Doutora em História pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris e Magali Romero Sá é Doutora em História e Filosofia das Ciências pela Universidade de Durham. Ambas pesquisam a história das práticas e teorias científicas. Lorelai dedica-se em particular aos séculos XVIII e XIX e Magali aos séculos XIX e XX.